"Mais um incentivo para ir trabalhar para a Alemanha(...)"
porque:
"Na Alemanha trabalha-se muito menos do que em Portugal", quem o afirma é o Embaixador Alemão em Portugal, Helmut Elfenkämper, em entrevista "Ideias em Estante".
"(... )e um pouco de Max Weber" em
" A ética protestante e o espírito do capitalismo"
Entre parentêses do dia:
(Não deixa de ser curioso que este texto seja "postado" no dia em que se anunciam "postos de trabalho na Alemanha!". Não foi propositado, mas poderia ter sido. Da entrevista que realizei, há duas semanas, ao Embaixador Alemão ficou um título “ Na Alemanha trabalha-se muito menos do que em Portugal”.
Até por isso, hoje, há um incentivo para ir para a Alemanha! E segundo relata a jornalista Madalena Queirós, numa grande reportagem, o presidente da Câmara de Schwäbisch Hall está de braços abertos para a mão de obra portuguesa: "Venham que há muitos empregos disponíveis” )
ACRESCE a isto tudo o facto de, por cá, não existir emprego...
Pior: estamos num país onde o Governo apela à emigração. Acreditando na designação "Governo", não consigo entender que se "mande" emigrar. Acho que essa é, obviamente, uma hipótese que todo o cidadão deve ter encima da mesa.
Mas, meus Senhores, essa é uma decisão Micro. Ao Estado, ao "Governo", cabe Governar e tentar ( com mais supervisão e menos intervenção) criar EMPREGOS! Por outras palavras, garantir Economia.
Sou das que acredito nas boas intenções... mas é preciso cuidado com as palavras e com os sinais que as mesmas transmitem.
Aos que advogam que "Ah o Governo diz isso porque está a ser realista e quer que as pessoas emigrem para viverem melhor" deixo-vos com uma sugestão: leiam Adam Smith.
Adam Smith definiu o capital humano da seguinte forma: ( In Wikipedia)
"Em quarto lugar, as habilidades adquiridas e úteis de todos os habitantes ou membros da sociedade. A aquisição de tais talentos, por meio da manutenção do adquirente durante a sua educação, estudo ou aprendizagem, sempre custa uma despesa real, que é capital fixo e realizado, por assim dizer, em sua pessoa. Esses talentos, fazem parte de sua fortuna, tal como também da sociedade à qual ele pertence. A destreza melhorada de um trabalhador pode ser considerada a mesma que uma máquina ou um instrumento de comércio, que facilita o trabalho, e que, embora os custos, que reembolsa as despesas com um lucro. "
E por aqui me fico.
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"Na Alemanha trabalha-se muito menos do que em Portugal"
"A ÉTICA PROTESTANTE E O ESPÍRITO DO CAPITALISMO", DE MAX WEBER, FOI A OBRA ESCOLHIDA PELO EMBAIXADOR DA ALEMANHA EM PORTUGAL. UMA OBRA QUE PERMITE FAZER UM CONTRAPONTO, EM TERMOS DE TRABALHO, ENTRE A ALEMANHA DO SÉCULO XX E A DOS NOSSOS DIAS.
Conhece o "b-à-bá" da Economia? Se sim saberá, certamente, o peso que o "L", de Labour - que significa "trabalho"-, tem na equação do desenvolvimento económico. Décimo primeiro filho do abecedário, este primogénito da dezena ocupa, também, lugar central em algumas obras clássicas, que vão da sociologia à economia. De Karl Marx a Max Weber, o dito "L" nunca foi esquecido. Hoje, e particularmente num mundo ocidental em crise, o "L" continua poderoso e de costas largas. Serve de escudo para argumentos valiosos sobre o Euro; está na ordem do dia da concertação social e da competitividade; e chega mesmo a ser "o artista" que pode vir a desenhar o primeiro 'draft' das semelhanças entre estados europeus. Tudo isto, claro está, numa Europa em crise comandada por uma Alemanha, que - e na opinião de Helmut Elfenkämper, embaixador da Alemanha em Portugal -, "não quer mandar na carruagem". Mas que "de facto tem sido uma espécie de locomotiva sobretudo nos últimos dois anos depois de ter feito reformas importantes que tiveram como resultado um aumento da eficácia da economia". O que - e em conjunto com conjunturas muito boas, por exemplo, na China e nos países emergentes - "deu bons resultados", conclui o embaixador que foi convidado da entrevista "Ideias em Estante", que pode ser vista na íntegra no ETV.
Desafiado a falar da obra "A ética protestante e o Espírito do Capitalismo", livro que apresentou recentemente numa tertúlia pública, Elfenkämper, explica que escolheu este livro para que lhe fosse possível falar da actualidade política na Europa e na Alemanha. "Lembrei-me do título muito evocativo desta obra de Max Weber".
Porquê?
"A minha ideia com a apresentação deste livro foi simplesmente escolher um ângulo de abordagem ao problema que temos neste momento de resolver: a crise das dívidas soberanas e a crise do euro, dentro da zona euro". Uma crise "entre países que têm condições e estruturas económicas muito diferentes. O que tem provocado um debate na Europa que, às vezes, vai muito longe ... em estereótipos", afirma o embaixador que considera que esses juízos de valor podem "facilmente ter um carácter desagradável perante pessoas que pensam que os alemães estão a abordar os problemas de uma maneira demasiado rigorosa, que só pensam em poupar, em consolidar o orçamento e que não pensam no crescimento necessário". Por outro lado, "na Alemanha há vozes desagradáveis sobre atitudes do trabalho no sul da Europa".
"Daí o conflito, por exemplo, das alegadas diferenças das horas de trabalho feitas em diferentes países europeus". Mas o que é que estudos recentes mostram? Mostram que "na Alemanha trabalha-se muito menos do que em Portugal". Apesar desta conclusão não ser (estatisticamente) nova, a mesma serve para termos a certeza de que temos que procurar outras respostas para os problemas, conclui.
Ao que parece o "L" de Weber, que estabeleceu uma relação entre "religião e capitalismo", continua a ser recordado. Mais do que não seja para provar que os Alemães vivem um novo paradigma em relação ao trabalho. Hoje também querem prazer (Ps: em caso de dúvida visite Berlim).
Helmut Elfenkämper
Embaixador da Alemanha em Portugal desde 2009, Elfenkämper, que fala fluentemente português, diz que se vive um novo paradigma de "equilíbrio de vida" na Alemanha.